Piauí reduziu casos, mas registrou uma morte a cada 15 dias por intervenção estatal em 2023, aponta relatório
07/11/2024
Relatório "Pele alvo: mortes que revelam um padrão" destacou que pessoas negras são a maioria das vítimas. Levantamento contabiliza dados de nove estados. Bahia teve o maior número absoluto de casos: mais de 1,7 mil. O Piauí, com 27 casos, registrou a menor quantidade. Piauí reduziu casos, mas registrou uma morte a cada 15 dias por intervenção estatal em 2023
Reprodução/Relatório "Pele Alvo"
O Piauí registrou uma morte a cada 15 dias, em 2023, decorrentes de intervenção estatal (ou seja, da ação de policiais), conforme o Relatório "Pele alvo: mortes que revelam um padrão", divulgado nesta quinta-feira (6). O documento, produzido pela "Rede Observatórios da Segurança", contabilizou 27 vítimas, uma redução de 30% em relação a 2022. Veja alguns dos casos ao fim da reportagem.
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Os pesquisadores responsáveis pelo levantamento destacaram que pessoas negras (que inclui pretas e pardas, conforme classificação do IBGE) ainda são a maioria das vítimas: 74% dos mortos pela polícia (civil ou militar) eram pretas ou pardas (o índice de negros na população piauiense é de 77%).
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No Brasil, o índice de mortos negros foi de 87%. O país registrou uma morte de pessoa negra a cada quatro horas, totalizando 4.025 vítimas.
O relatório detalhou outras informações sobre os casos no Piauí:
51,8% das vítimas era de Teresina (71% negras)
48% com idades entre 12 e 29 anos
As cidades que registraram casos foram Teresina (14), Floriano (2), Jaicós (2), Simplício Mendes (2), Alagoinha do Piauí (1), Esperantina (1).
Os dados foram obtidos via Lei de Acesso à Informação (LAI) junto às Secretarias de Segurança Pública e órgãos correlatos de nove estados: Amazonas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro e São Paulo.
A Bahia teve o maior número absoluto de casos: mais de 1,7 mil mortes. O Piauí, com 27 registros, registrou a menor quantidade.
Questão racial
Na publicação, a Rede destacou a maior colaboração dos estados em informarem os aspectos de etnia das vítimas, o que permite um melhor recorte e análise da questão racial entre as vítimas.
"Algumas conquistas foram alcançadas, mas nem de longe atenuam as condições adversas as quais os negros são submetidos pelas forças e políticas de segurança", diz o documento.
O relatório destaca ainda: "Diante desse quadro de extrema vulnerabilização da juventude negra, a operacionalidade do racismo se reafirma. Um sistema de hierarquização social em que classe, origem familiar, território e prestígio são a base da dicotomia brancos/negros ou elite/povo, que faz questão de ocultar qualquer tentativa de racialização".
Detalhes de alguns dos casos
Em 19 de outubro em 2023, Acelino João de Souza Neto, de 49 anos, foi morto a tiros após desobedecer uma ordem de parada e trocar tiros com a Polícia Militar, na localidade Cupira, em Alagoinha do Piauí, município 397 km ao Sul de Teresina.
Em 29 de outubro, Raifran Oscar de Sousa Oliveira, de 29 anos morreu no Hospital de Urgência de Teresina (HUT). Ele foi baleado durante uma tentativa de assalto a uma farmácia dias antes. Vídeos feitos por moradores mostram os policiais tentando conversar com o assaltante e a troca de tiros (vídeo abaixo).
Morre suspeito de assalto que manteve vítimas reféns em farmácia de Teresina
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